Construção de seis hospitais regionais se arrasta em Minas Gerais
O estado ainda não abriu nenhuma das unidades prometidas com dinheiro das mineradoras. O potencial de atendimento total é de 6,7 milhões de pessoas
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Siga noMais de dois anos após o início do segundo mandato, nenhum dos seis hospitais regionais prometidos pelo governador Romeu Zema (Novo) foi entregue à população mineira. Consideradas estratégicas para desafogar o sistema de saúde e ampliar o atendimento especializado no interior, as unidades, financiadas com recursos do acordo pela Tragédia de Brumadinho, ocorrida em 2019, seguem em construção.
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Algumas delas, segundo o governo, devem ser finalizadas em 2025, e outras apenas em 2026. Já no caso de Juiz de Fora,, as obras estão paralisadas e não há previsão de entrega. Ao todo, os hospitais somam 1.451 novos leitos e têm potencial para beneficiar mais de 6,7 milhões de pessoas, segundo estimativas da gestão estadual.
Levantamento feito pelo Estado de Minas, com base na Lei de o à Informação (LAI), aponta que, além dos atrasos, as obras enfrentam entraves técnicos provocados por anos de abandono das gestões adas.
Se não ocorrer novos contratempos, as primeiras entregas devem ocorrer apenas no segundo semestre deste ano. Inicialmente, o Governo de Minas havia informado à reportagem que ao menos dois hospitais seriam entregues até junho deste ano. No entanto, à reportagem, o vice-governador Mateus Simões (Novo) afirmou que a primeira entrega ocorrerá apenas em agosto deste ano, e a seguinte em setembro.
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Ao Estado de Minas, Simões afirmou que o Hospital de Divinópolis será entregue em agosto deste ano e o de Teófilo Otoni em setembro. Já as obras de Sete Lagoas, segundo ele, devem ser concluídas no primeiro semestre de 2026, enquanto o hospital de Governador Valadares tem previsão para o “meio do ano que vem”. Em relação ao de Conselheiro Lafaiete, a estimativa é de entrega no fim de 2026.
As estimativas do vice-governador, no entanto, diferem das datas readas anteriormente pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra). Conforme cronograma enviado à reportagem, os hospitais de Teófilo Otoni e Governador Valadares teriam previsão de entrega para junho deste ano; já os de Sete Lagoas e Divinópolis, março de 2026. O Hospital de Conselheiro Lafaiete, embora conste nos planos de investimento, não teve o cronograma de entrega detalhado nos documentos fornecidos pela pasta em resposta ao pedido da reportagem.
Sobre a unidade de Conselheiro Lafaiete, Simões informou ao Estado de Minas que a obra enfrentou entraves com empresas contratadas e, por isso, está paralisada, mas garantiu que será retomada. “O Hospital de Conselheiro Lafaiete teve troca duas vezes de construtora, mas já estamos nos preparando para mais uma retomada de obra, com previsão de entrega para o final do ano que vem, com recurso garantido. É mais uma questão burocrática de contratação nesse momento”, afirmou.
Promessa
A construção dos hospitais regionais foi uma das bandeiras da campanha de Zema ainda em 2018, quando o governador defendeu a necessidade “repensar a lógica de regionalização do serviço de saúde” em Minas. Reconduzido ao cargo em 2022, reiterou o compromisso, prometendo concluir os complexos hospitalares como forma de reduzir o que chamou de “vazios assistenciais” e “reorganizar a rede de atenção à saúde no interior do estado”.
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As obras, paralisadas por anos antes da gestão Zema, foram retomadas, mas enfrentam um cronograma estendido. As primeiras unidades previstas para entrega são os hospitais de Divinópolis (Centro-Oeste) e Teófilo Otoni (Mucuri), que se encontram em estágio mais avançado, atualmente na fase de acabamento. Juntos, os dois complexos somam 636 leitos – 209 em Divinópolis e 427 em Teófilo Otoni – e têm capacidade estimada para atender, respectivamente, 1,2 milhão e 800 mil moradores das regiões atendidas.
Na fila, ainda estão os hospitais de Governador Valadares (Rio Doce) e Sete Lagoas (Central), atualmente em fase de obras civis, como assentamento de pisos e execução de infraestrutura. Juntos, os dois complexos somam 492 leitos – 226 em Valadares e 266 em Sete Lagoas – e têm capacidade estimada para atender, respectivamente, 1,5 milhão e 630 mil moradores das regiões contempladas.
Já o Hospital Regional de Conselheiro Lafaiete (Central) terá 97 leitos e deve atender aproximadamente 798 mil moradores da região. Em Juiz de Fora (Mata), a unidade prevista contaria com 226 leitos e capacidade estimada para atender cerca de 1,6 milhão de pessoas, mas as obras estão paralisadas, sem previsão de retomada.
Em falas recentes, Zema tem adotado um tom mais cauteloso, reconhecendo que algumas das “grandes obras” de sua gestão podem ser finalizadas apenas por seus sucessores, apesar dos dois mandatos consecutivos. Ainda assim, continua projetando a entrega das unidades hospitalares até o fim de sua gestão, em 2026. "Nós vamos colher as maiores obras, os maiores avanços nos próximos três, cinco, 10 anos. Os meus sucessores irão inaugurar as maiores obras", disse o governador mineiro no início de maio, durante agenda na abertura do 40º Congresso Mineiro de Municípios, no Expominas, em Belo Horizonte.