Lula diz que França deve apresentar proposta se vê problema no acordo UE-Mercosul
compartilhe
Siga noO presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado (7) que cabe ao "negociador de (Emmanuel) Macron na União Europeia" fazer uma proposta de mudanças no acordo comercial UE-Mercosul, como foi sugerido pelo presidente francês.
A Comissão Europeia, que negocia em nome da UE, concluiu em dezembro um acordo de tratado comercial com Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, mas a França se opõe a ratificar o texto, pressionada pelo setor agropecuário do país.
"O acordo ele não é entre Brasil e França, é um acordo entre União Europeia e Mercosul que envolve uma somatória de 31 países", afirmou Lula durante uma entrevista coletiva em Paris no âmbito de sua viagem oficial à França.
"Então, o companheiro Macron, se tem algum problema que ele acha que fere os pequenos produtores ses, eu acho que o negociador do Macron, na União Europeia, deve fazer a proposta", acrescentou, ao ser questionado se o Brasil aceitaria mudar o tratado negociado.
Macron propõe incluir um protocolo no acordo que integre a possibilidade de ativar uma "cláusula de salvaguarda", caso as importações de produtos do Mercosul para a UE acabem "desregulando o mercado" em vários setores.
Este cenário é temido pelos agricultores europeus, diante da chegada prevista no acordo de até 99.000 toneladas de carne bovina e 180.000 toneladas para as aves com tarifas reduzidas, entre outros.
Outra proposta sa é incluir "cláusulas-espelho" para que os produtos agrícolas do Mercosul exportados para a UE cumpram as mesmas normas de produção que os europeus, consideradas menos competitivas.
Questionado na quinta-feira pelo canal GloboNews se estaria "disposto" a o acordo este ano caso o Mercosul aceite as mudanças, Macron respondeu: "Sim, porque convenceremos nossos camponeses e agricultores".
No mesmo dia, Lula pediu a Macron, durante uma entrevista coletiva conjunta, que "abra seu coração" para o acordo e conclua o acordo comercial durante a presidência brasileira do Mercosul, no segundo semestre de 2025.
Em abril, a Comissão Europeia assegurou que o acordo negociado já contém "todas as salvaguardas necessárias", inclusive na agricultura, e que espera apresentá-lo até meados de setembro aos países do bloco.
Em caso de ratificação, a UE, principal parceira comercial do Mercosul, poderia exportar com mais facilidade automóveis, máquinas e produtos farmacêuticos, enquanto o bloco sul-americano poderia exportar mais carne, açúcar, soja, mel, entre outros produtos, para o bloco europeu.
tjc/an/fp