Cerca de oito milhões de pessoas são inférteis no Brasil
Mês mundial de conscientização da infertilidade chama a atenção para condição que já é considerada desafio global de saúde
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Siga noNa área médica, junho é tradicionalmente reconhecido como o Mês Mundial de Conscientização da Infertilidade. A data foi instituída para estimular o debate e chamar a atenção sobre essa condição que acomete 1 a cada 6 adultos no mundo (cerca de 17,5% da população), segundo levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgado em 2023. No Brasil, estima-se que cerca de 8 milhões de indivíduos possam ser inférteis, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).
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Conforme explica oão Pedro Junqueira Caetano, ginecologista e especialista em reprodução assistida da clínica Huntington Pró-Criar, em geral, as causas da infertilidade começam a ser investigadas após 12 meses de tentativas sem o uso de qualquer método contraceptivo. Se a mulher tem mais de 35 anos, o prazo para a investigação diminui para seis meses de tentativas de forma natural, já que a partir dessa idade sua capacidade reprodutiva diminui progressivamente.
Vale ressaltar, de acordo com o especialista, que a infertilidade não é um problema exclusivo da mulher: em 20% dos casos, os fatores dizem respeito ao casal, simultaneamente; 40% dos casos estão relacionados somente ao homem e os outros 40% à mulher.
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“A infertilidade tem múltiplas causas. Nas mulheres, as mais comuns são a síndrome do ovário policístico, a baixa reserva de óvulos, a endometriose e a obstrução nas trompas. Já nos homens, varicocele, distúrbios hormonais e infecções que possam causar alterações nos espermatozoides, são considerados fatores. Pessoas com histórico de infertilidade na família ou que precisem fazer quimioterapia ou radioterapia também têm um risco maior de ter perda na fertilidade”, afirma João Pedro.
Segundo o especialista, hábitos saudáveis contribuem para a saúde reprodutiva. “Obesidade, cigarro, estresse, consumo de bebidas alcóolicas, uso de drogas ilícitas, deficiência de vitaminas e vida sedentária estão entre os fatores que podem impactar a fertilidade de homens e mulheres. Também é importante considerar as consultas de rotina com o ginecologista ou urologista e os exames anuais como forma de prevenção”, destaca o médico.
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Tratamentos
As técnicas de reprodução assistida evoluíram muito desde o nascimento do primeiro bebê de proveta, em 1978. Hoje, existem diversos tratamentos de infertilidade disponíveis, como indução da ovulação, inseminação artificial, fertilização in vitro (FIV), ovodoação, congelamento de óvulos ou embriões (criopreservação), além do ICSI (técnica chamada de injeção intracitoplasmática de espermatozoide, em que um único espermatozoide, especialmente selecionado, é injetado em cada óvulo disponível).
“Há menos de duas décadas, as taxas de sucesso da FIV, por exemplo, eram cerca de 20%. Atualmente, as clínicas brasileiras trabalham com uma taxa de até 50-60% de êxito nesse tipo de tratamento para pacientes até 35 anos”, analisa João Pedro.
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