Celebrado em 31 de maio, o Dia Mundial Sem Tabaco é uma data criada para alertar a população sobre os perigos do tabagismo. Muito além do câncer de pulmão e das doenças cardiovasculares, o cigarro também traz consequências diretas para a saúde bucal, especialmente para quem está em tratamento ortodôntico. 
Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), o tabagismo e o etilismo são os principais fatores de risco para o câncer de boca. O número de casos em fumantes chega a ser de duas a três vezes maior do que entre não fumantes. O tabagismo responde por cerca de 30% das mortes por câncer em geral e até 90% dos casos de câncer de pulmão. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 90% dos casos de câncer de boca estão relacionados ao consumo de fumo e álcool.
Porém, os riscos começam bem antes de diagnósticos graves. De acordo com o cirurgião-dentista Anderson Alexandre da Silva, franqueado da rede OrthoDontic, os impactos do cigarro na boca aparecem cedo e são visíveis no consultório. “Na prática clínica, vemos gengivas inflamadas, acúmulo de placa bacteriana, halitose, manchas nos dentes e, nos casos mais graves, lesões potencialmente cancerígenas. O tabaco afeta a vascularização da mucosa bucal e reduz a imunidade local, dificultando a cicatrização e favorecendo infecções”, explica. 
Combinação perigosa 
Entre os pacientes que usam aparelho ortodôntico, o alerta é ainda mais urgente. O tratamento depende de uma série de fatores biológicos, como a remodelação óssea e a saúde gengival que são prejudicados pelo fumo. “Fumantes em tratamento ortodôntico correm mais risco de desenvolver gengivite, retração gengival e perda óssea. Isso interfere na movimentação dos dentes e pode levar a atrasos ou até mesmo à interrupção do tratamento”, afirma Anderson. 
Além disso, o cigarro altera a composição da saliva, facilita o acúmulo de bactérias, favorece o surgimento de cáries e doenças periodontais, e compromete a estética do sorriso por meio de manchas nos dentes e nos bráquetes. 
A edição mais recente da pesquisa Vigitel (2023) revelou que 9,3% da população adulta brasileira ainda fuma, sendo o índice mais alto entre os homens (11,7%). Já a OMS aponta que mais de 8 milhões de pessoas morrem por ano no mundo em decorrência do tabagismo. 
Enquanto a ciência avança no combate ao vício, dentistas reforçam a necessidade de incluir a saúde bucal na agenda de prevenção, especialmente para quem está em tratamento odontológico e ortodôntico. “O cigarro compromete diretamente os resultados. Além de prejudicar a saúde, o fumo pode invalidar um investimento feito com tanto esforço, comprometendo não só a estética, mas a funcionalidade e o bem-estar do paciente”, conclui Anderson.
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