Cid confirma pressão por troca no comando do Exército para viabilizar golpe
Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro afirma que havia intenção de substituir chefes militares para garantir adesão a medidas de exceção
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Siga noO tenente-coronel Mauro Cid afirmou, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que havia uma "pressão grande" dentro do núcleo bolsonarista para trocar os comandantes das Forças Armadas, especialmente do Exército, com o objetivo de forçar uma adesão ao plano golpista.
Segundo ele, a ideia era a de que um novo comandante se mostrasse disposto a adotar medidas “mais duras e radicais”.
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“Uma alternativa seria trocar os comandantes para que o próximo comandante do Exército assinasse ou tomasse uma medida mais dura e radical. Isso está naquele contexto de pressionar o presidente para um decreto. Só não consigo dizer qual decreto, mas que ele assinasse um decreto para determinar um estado de sítio ou defesa”, declarou Cid.
A declaração reforça o conteúdo do depoimento prestado anteriormente pelo general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, que disse ter visto diferentes versões da minuta golpista — algumas delas prevendo a prisão de autoridades, ainda que sem nomes específicos. Freire Gomes relatou que resistiu às pressões e que a cadeia de comando militar se manteve fiel à legalidade.
Segundo Cid, o núcleo político mais próximo de Jair Bolsonaro (PL) cogitava substituir os chefes militares justamente para viabilizar a execução do plano, caso os atuais não concordassem em romper com a Constituição. "Dificilmente o círculo de legalidade seria rompido", ponderou o ex-ajudante, ao relatar que a intenção era gerar um ambiente de "caos social" que justificasse a decretação de medidas de exceção.
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As investigações da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República apontam que as ações visavam impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por meio de uma ruptura institucional. A delação premiada de Cid, homologada pelo STF, tem revelado detalhes sobre as reuniões, estratégias e articulações do núcleo militar e civil que compunha o entorno de Bolsonaro nos últimos meses de governo.