A transferência da istração do Anel Rodoviário para a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), formalizada na terça-feira (3/6), vem acompanhada de expectativas e demandas de melhorias. Entre os desejos apontados por pessoas que transitam nos mais diversos trechos da via na capital mineira estão o aumento da agilidade para atendimento de ocorrências, com socorro e desobstrução rápidos, melhorias na sinalização e a implantação de mais áreas de escape e arelas. A lista coincide com o plano de atuação do Executivo municipal para o Novo Anel.
Nilo Lopes Leal Júnior, de 30 anos, é encarregado de obras e a pelo Anel Rodoviário, no trecho próximo aos Bairros Olhos D’água e Betânia, na Região Oeste de BH, uma vez por semana. “Todas as vezes eu pego trânsito. O que era para ser um trajeto de menor tempo, às vezes demora o dobro (do esperado”, relata. Na percepção dele, a demora para atendimento de ocorrências na pista e remoção de veículos envolvidos em acidentes costuma ser as causas do congestionamento. Por isso, o encarregado de obras acredita que a prioridade para a nova gestão da via deve ser garantir a agilidade nesse quesito.
Essa demora para resolver problemas que afetam o fluxo de veículos e a segurança de pedestres também é percebida por Pâmela da Silva, de 22, e Tainá Gomes, de 20, atendentes na lanchonete Garapão, localizada no Anel Rodoviário e próxima ao Bairro Olhos D’água. Elas contam que há alguns meses um caminhão que transportava terra derramou a carga na via, que ficou enlameada e com risco de derrapagem por dias. Pâmela relata que tentou acionar órgãos e instituições para que a situação fosse resolvida, mas todos a redirecionaram e não assumiram a responsabilidade. No final das contas, as atendentes não sabem quem resolveu o problema.
REBOQUES
O atendimento mecânico mais ágil para ocorrências na via é promessa listada no Plano de Atuação da PBH. A operação viária vai ficar a cargo da BHTrans, que conta com dois reboques pesados, um deles com munck (guindauto), disponíveis 16 horas por dia. De acordo com o Executivo municipal, há possibilidade de acionamento extraordinário.
A prefeitura planeja também a instalação de mais 14 pontos de monitoramento do Centro Integrado de Operações de Belo Horizonte (COP-BH), com 42 câmeras, até meados de setembro. O objetivo é garantir o videomonitoramento de todo o Novo Anel e a atuação imediata em ocorrências.
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Já em caso de emergência, o acionamento vai poder ser feito pelo telefone 156 ou via COP-BH, que atualmente tem 10 pontos de monitoramento, com o envio de agentes da BHTrans ou Guarda Civil Municipal, a ser definido de acordo com o tipo de demanda, disponibilidade e proximidade do local da ocorrência.
Em solenidade para oficialização da municipalização do Anel Rodoviário, na terça-feira (3/6), o prefeito Álvaro Damião (União Brasil) informou que a Prefeitura de BH projeta a instalação de uma base operacional específica para atender emergências na via. O espaço ocupará a área do antigo Aeroporto Carlos Prates, Região Noroeste da capital mineira. Segundo o chefe do Executivo municipal, o local contará com caminhões-guincho e estrutura para dar resposta rápida às situações que demandem remoção de veículos ou liberação de pistas.
CAPACITAÇÃO E SINALIZAÇÃO
Na quarta-feira (4/6), cerca de 100 agentes da BHTrans e da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte receberam treinamento prático para ações em ocorrências no Novo Anel. Eles foram capacitados para atuar na sinalização da via em casos de obstrução na pista, como acidente, derramamento de óleo ou incidentes com animais. “A importância desse treinamento é a vivência que o agente de trânsito deve ter em uma via de trânsito mais rápido e pesado”, explicou ao Estado de Minas o supervisor da Regional Centro-Sul da BHTrans, Carlos Lopes.
Welberth Allan Paulino de Oliveira, de 45, a pelo Anel Rodoviário, no trecho próximo ao Bairro Goiânia, na Região Nordeste da cidade, pelo menos quatro vezes ao dia, de segunda a sexta-feira. Motorista de van escolar há 15 anos, ele leva estudantes de Sabará, na Região Metropolitana de BH, para colégios no Centro da capital mineira, por meio da via rápida. Com a nova istração, Welberth espera que a sinalização ao longo da via, especialmente no trecho próximo ao Bairro Goiânia, seja intensificada e re-implementada, quando necessário. O motorista avalia que a falta de placas indicativas, como no retorno que fica próximo à Vila da Luz, faz com que condutores precisem diminuir a velocidade para tentar se localizar ou achar a saída para o retorno. Ele diz que é comum que essa alteração no fluxo do trânsito pegue de surpresa motoristas que estão atrás e em alta velocidade, o que muitas vezes resulta em acidentes.
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O atendimento a essa demanda também está sendo prometido no Plano de Atuação da PBH, no quesito manutenção e conservação. Além da implantação de placas, estão previstos recapeamento e pavimentação de trechos, assim como melhoria na iluminação.
Área de escape
Welberth, que a pelo Anel Rodoviário em viagens de fim de semana, acredita também que a nova gestão da via deve investir na criação de mais áreas de escape. O espaço tem o objetivo de conter veículos que perderam os freios e, consequentemente, evitar acidentes graves. Atualmente, a via tem apenas uma área de escape, localizada próximo ao trevo do Bairro Betânia, na Região Oeste da capital mineira. O motorista de van escolar avalia que a estratégia tem sido eficaz.
O ponto de escape existente tem 400 metros de comprimento. Os 280m iniciais são de asfalto. Em seguida, há uma área de 93,5 metros de comprimento composto por cinasita, a argila expandida. São 380 metros cúbicos desse material, o que aumenta o atrito e reduz a velocidade do veículo.
“A gente vai dar uma repaginada no Anel, uma cara nova. Vamos nos preocupar com a segurança, fazer mais áreas de escape sem ter que pedir autorização para alguém. Temos condições para isso, a Prefeitura de Belo Horizonte é financeiramente viável”, afirmou o prefeito Álvaro Damião (União Brasil) em entrevista ao Estado de Minas.
Afunilamento e motofaixa
Caminhoneiro há 45 anos, Alírio Duarte, de 63, a pelo trecho do Anel Rodoviário próximo ao Bairro Goiânia de três a quatro vezes por semana. Para ele, que estava vindo de João Monlevade, na Região Central de Minas, e fez uma parada em BH ontem (5/6), o estreitamento de pistas no viaduto é o pior aspecto da via.
A caminho de Três Marias, na Região Central do estado, o motorista afirma que a diminuição de três faixas para duas intensifica e complica o fluxo de veículos. Duarte diz que gostaria que esse aspecto fosse resolvido nessa nova gestão. Além disso, ele é a favor de mais fiscalização, com objetivo de diminuição nas ocorrências de infrações de trânsito. “Muito perigoso o pessoal que ultraa pela direita. De cima do caminhão, nessa altura, não dá para ver”, afirmou.
Para o motorista Sinésio Rodrigues, de 63, a prioridade para a nova gestão do anel, onde a cerca de quatro vezes na semana, deveria ser a criação de uma faixa de trânsito específica para motocicletas. Ele diz que o risco de acidente aumenta quando as motos ficam “trançando” entre carros e caminhões. Até o momento, a PBH não divulgou intenção de instalar motofaixa no Novo Anel.
arela
Tainá Gomes, atendente no Garapão no Anel Rodoviário e colega de trabalho de Pâmela da Silva, espera que a nova gestão aumente o número de arelas na via. As jovens relatam que o espaço destinado para travessia de pedestres é distante do local onde trabalham, a 1,2km, distância percorrida em cerca de 20 minutos a pé. Por isso, elas e outros trabalhadores se arriscam na travessia na própria via. “Todo mundo que trabalha desse lado quer uma arela aqui”, diz Pâmela.
O motorista de van Welberth Allan Paulino de Oliveira também nota que pedestres não utilizam a arela no trecho próximo ao Bairro Betânia. Além da localização, ele relata que assaltos são muito comuns na travessia.
“As grandes intervenções, como novos viadutos, vamos fazer com tempo, com prazo. Mas tem situações que são urgentes. Um exemplo são as arelas provisórias, que estão assim há quase 10 anos. A gente não podia nem falar de substituí-las, porque a via ainda não era da prefeitura. Agora podemos. Não posso garantir o dia em que elas serão trocadas, mas a partir de agora, a responsabilidade é nossa”, disse Damião em solenidade.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Rachel Botelho