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PATRIMÔNIO

Primeiro templo religioso de Belo Horizonte vai ser restaurado

Obra na Capela do Rosário, no Centro, começará logo após o carnaval. Templo já está fechado e equipe retirou mobiliário, imagens sacras e demais peças do acervo

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O primeiro templo religioso da capital, aberto à população meses antes da inauguração de Belo Horizonte, será restaurado. Espremido entre prédios no Centro, entre as ruas São Paulo e Tamoios, e a Avenida Amazonas, a Capela Curial Nossa Senhora do Rosário já está fechada para obras que começam logo após o carnaval. Ontem, equipe encarregada das futuras intervenções, tendo à frente especialistas do Memorial Arquidiocesano de BH, iniciou as medidas de salvaguarda com a retirada de mobiliário, imagens sacras e demais peças do acervo.

 

“Os serviços vão contemplar a estrutura completa do telhado, com a troca de madeira e telhas. Como se trata de uma cobertura inteiriça, o trabalho será feito de uma vez, sem interrupções”, informa a coordenadora do Memorial Arquidiocesano, Maria Goretti Gabrich Freire Ramos. O projeto foi custeado pela Paróquia Nossa Senhora do Rosário, enquanto a intervenção ficará a cargo da Mitra Arquidiocesana da capital, presidida pelo arcebispo metropolitano dom Walmor Oliveira de Azevedo. A Prefeitura de Belo Horizonte fez um aporte no valor de R$ 200 mil.

Considerado um espaço católico “de agem”, devido ao grande número de pessoas que o visitam diariamente, o centenário templo tinha, antes de ser fechado para obras, três missas por dia, de segunda a segunda-feira. “A celebração das 11h sempre foi a mais concorrida, com média de 120 fiéis”, conta Goretti. Nos últimos tempos, com as escoras internas, instaladas por questão de segurança, os devotos ocupam apenas uma parte da nave.

Imagem do do início do século 20 da Capela Curial Nossa Senhora do Rosário

Imagem do do início do século 20 da Capela Curial Nossa Senhora do Rosário

Memorial Arquidiocese de Belo Horizonte/Divulgação

Tombada desde 1994 pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte (CDPCM-BH), a capela tem sua dedicação religiosa “confundida” por muita gente. “Nos primórdios de BH, havia ao lado o Orfanato Santo Antônio, demolido na década de 1960. Então, muitos chamam a capela de Santo Antônio, quando, na verdade, é consagrada a Nossa Senhora do Rosário”, esclarece Maria Goretti. Ela acrescenta que os serviços serão executados nos próximos meses.

História

Preservando até hoje características originais, a Capela Curial (palavra referente a Cúria) Nossa Senhora do Rosário começou a ser edificada antes da inauguração de Belo Horizonte (em 12 de dezembro de 1897), nos tempos ainda de Curral del-Rey, arraial destruído para construção da nova capital dos mineiros. A inauguração ocorreu em 26 de setembro de 1897.

Conforme as pesquisas, havia no arraial, no Largo do Rosário, uma capela bem rústica dedicada a Nossa Senhora do Rosário, criada por provisão de 1819. Quando teve início a construção de BH, em 1894, foi necessário demoli-la para abertura de via pública, no caso, a Rua da Bahia em seu cruzamento com a Avenida Álvares Cabral.

Por se tratar de edificação religiosa, houve acordo entre o governo do estado e a Comissão Construtora da Nova Capital e a Diocese de Mariana (à qual a capela estava vinculada na época), assumindo o primeiro o compromisso de construir nova capela, em outro local, com o mesmo orago (dedicação).

Assim, em 1896, ano de início da construção da atual Capela Curial, com projeto elaborado pelo escritório técnico da comissão, executado pelo empreiteiro Alfredo Massini. Trabalharam na ornamentação do templo os artistas João Morandi, responsável pelo estuque, e W. Troschel, autor do baixo relevo da portada.

Já em 1911, o bispo dom Silvério Gomes Pimenta autorizou a construção do Orfanato Santo Antônio, anexo à capela. Em consequência, o nome da capela ou a ser confundido com o do orfanato, fazendo com que também fosse chamada de Capela Santo Antônio. Entretanto, o orago nunca foi mudado, e a capela sempre esteve ligada diretamente à Cúria Metropolitana.

O tempo ou até que, em 1956, cogitou-se a demolição da capela para que, no lugar, surgisse edificação projetada pelo arquiteto modernista Oscar Niemeyer (1907-2012). A proposta não se concretizou, tendo havido, na época, protestos de entidades culturais no sentido de sua preservação. Em 1994, foi tombada por iniciativa do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte.

Elementos Góticos

Conforme Inventário do Patrimônio Cultural/Arquidiocese de BH, a Capela Curial Nossa Senhora do Rosário é exemplo de arquitetura que se apropria de elementos góticos, com fachada simples e harmoniosa. De reduzida proporção, apresentava, originalmente, volume retangular, planta em nave juntos e sacristia à direita. Com os acréscimos recebeu corredor lateral à nave (o ao coro), e, ao fundo, secretaria, sala de reuniões e sanitários.

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Na fachada, com base e pórtico em cantaria, destaca-se a solução da portada, em nicho ogival que mostra, no côncavo, baixo relevo em cimento, com representação da Virgem Maria, reverenciada por anjos. A composição da portada é arrematada por florão, típico do estilo gótico. Acima do pórtico, na altura do coro, localiza-se óculo em forma de rosácea, vedado por vidros coloridos.

No ápice do frontão, sobre colunata, existe uma cruz em cimento, simulando cantaria. Nas fachadas laterais, a altura elevada, vãos em verga ogival, vedados por venezianas em vidro colorido. Na fachada posterior, numa solução rara, fica o campanário, atualmente com visão obstruída pelas edificações que comprimem a capela. A cobertura se faz em duas águas (duas partes inclinadas).

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