Adoçantes artificiais são amplamente utilizados como alternativa ao açúcar, especialmente por quem busca emagrecer ou controlar o diabetes. No entanto, segundo o Dr. Victor Sorrentino, médico e professor (CRM-RS 28606 | SP 168092), a crença de que adoçantes são “seguros por serem zero caloria” precisa ser reavaliada. Em vídeo publicado em seu Instagram (@drvictorsorrentino), ele alerta: “Os adoçantes enganam o cérebro e afetam mais do que o paladar — interferem na fisiologia”.
O médico explica que, embora não forneçam calorias, os adoçantes ativam receptores de sabor doce no cérebro, gerando uma resposta neurológica similar à do açúcar. A diferença? A energia prometida pelo sabor nunca chega. Essa dissociação, segundo ele, tem impactos metabólicos, comportamentais e até neuroquímicos — e deve ser analisada com cautela.
Como o corpo reage ao consumo de adoçantes?
Dr. Sorrentino destaca que os adoçantes ativam receptores de doçura chamados TAS1R2 e TAS1R3. Eles “enganam” o cérebro, simulando o consumo de açúcar. Mas como não há calorias reais, o sistema digestivo e neurológico percebe essa incongruência. O resultado? Desequilíbrio no apetite, confusão metabólica e até alterações na microbiota intestinal.

Ele cita um estudo publicado em 2025 na revista Cell, que analisou a interação entre diversos adoçantes e os receptores de doçura humana. A conclusão é de que cada composto gera uma resposta distinta — como se cada adoçante deixasse uma “impressão digital” única no cérebro. E mais: o corpo, ao contrário do que muitos acreditam, não é tão facilmente enganado.
Adoçantes causam ganho de peso ou compulsão alimentar?
Embora muitos usem adoçantes para emagrecer, o Dr. Sorrentino alerta que o efeito pode ser justamente o oposto. A dissociação entre sabor doce e energia recebida confunde o sistema de saciedade. Isso pode aumentar o desejo por mais alimentos doces, provocar picos de apetite e gerar comportamento compulsivo.
Segundo ele, mesmo na ausência de “evidência nível A” — ou seja, estudos clínicos conclusivos — já existem bases fisiológicas sólidas e plausibilidade biológica suficiente para recomendar cautela. A medicina integrativa chama isso de “princípio da precaução”: quando há sinais de risco, o mais prudente é evitar a exposição desnecessária.
Todo adoçante é prejudicial?
Não. O Dr. Sorrentino deixa claro que existem adoçantes melhores e piores. Compostos como xilitol e eritritol, por exemplo, têm perfis mais seguros — desde que consumidos com moderação. O problema está no uso crônico e abusivo, especialmente em bebidas industrializadas “zero”, que são consumidas diariamente por muitas pessoas, sob a falsa sensação de segurança.
Ele reforça que o paladar humano é altamente programável. O consumo constante de sabores doces — mesmo sem calorias — “educa” o cérebro a depender dessa sensação, dificultando o controle de apetite e o consumo de alimentos naturais. Por isso, reeducar o paladar pode ser mais eficaz do que simplesmente trocar açúcar por adoçante.
O que a ciência já sabe sobre adoçantes e metabolismo?
Estudos recentes, como o da revista Cell, demonstram que os receptores de doçura apresentam “plasticidade estrutural”. Isso significa que cada tipo de adoçante artificial interage com o cérebro de forma diferente, podendo modular o apetite, alterar a resposta ao sabor doce e impactar o comportamento alimentar.
Além disso, há indícios de que alguns adoçantes afetam a microbiota intestinal — comunidade de bactérias que influencia diretamente o metabolismo, a imunidade e até o humor. Ainda que os estudos clínicos em humanos não sejam conclusivos, a literatura científica já reconhece a necessidade de atenção e mais investigações.
Como consumir menos adoçantes de forma prática?
O Dr. Sorrentino sugere que, ao invés de procurar o “adoçante ideal”, o mais eficaz seria reeducar o paladar e diminuir a dependência do sabor doce. Isso inclui reduzir o consumo de produtos industrializados, bebidas adoçadas artificiais e adoçantes em cafés e chás.
Ele defende que a alimentação mais próxima do natural, com base em alimentos in natura, é a forma mais coerente com a fisiologia humana. E finaliza: “A ausência de evidência não é evidência de ausência. Até que os consensos cheguem, a escolha mais prudente é a mais ancestral: menos química, mais comida de verdade”.
Fontes confiáveis e instituições consultadas
- Ministério da Saúde: https://www.gov.br/saude
- Organização Mundial da Saúde (OMS): https://www.who.int/pt
- National Institutes of Health (NIH): https://www.nih.gov
- Revista Cell (2025 – estudo citado): https://www.cell.com
Essas instituições fornecem dados técnicos e revisões científicas sobre os efeitos metabólicos dos adoçantes artificiais e suas implicações na saúde humana.
E afinal, qual deve ser a pergunta certa sobre adoçantes?
Segundo o Dr. Victor Sorrentino, a questão não é apenas “qual adoçante é melhor?”, mas “como posso reeducar meu cérebro para depender menos do sabor doce?”. Essa mudança de mentalidade é o que pode, de fato, levar a resultados sustentáveis em saúde metabólica, controle de apetite e bem-estar geral.