ECONOMIA PARA JOVENS

'Malu Finanças' vai na contramão de influencers e ensina jovens a investir

Adolescentes caem na armadilha das apostas online enquanto jovem escritora defende educação financeira como saída segura

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No Brasil, o sonho de transformar R$ 20 em um bilhete dourado para uma vida melhor tem levado milhares de adolescentes a um caminho perigoso: o das apostas online. Proibidas para menores de idade, essas plataformas estão sendo amplamente promovidas por influenciadores digitais com grande alcance, que vendem a ilusão de lucro fácil e imediatismo financeiro. O preço, no entanto, é alto. Jovens acabam gastando a mesada, o dinheiro do lanche, a agem de ônibus em um ciclo de perda, frustração e, muitas vezes, vício.

Nadando contra essa corrente, Malu Lira, amazonense de apenas 15 anos, escritora de mais de 10 livros, idealizadora do projeto "Malu Finanças na Escola" e porta-voz da plataforma Me Poupe!, se tornou referência em educação financeira para esse grupo. Sua mensagem é clara: "Não existe dinheiro fácil. Tudo o que vale a pena leva tempo para ser construído".

 

O perigo das apostas online

A proliferação das plataformas de apostas online atingiu uma nova camada da sociedade: os adolescentes. A promessa de dinheiro rápido tem seduzido jovens em situação de vulnerabilidade, que enxergam nessas apostas uma chance de mudar de vida. O que começa com poucos reais investidos em um “joguinho” recomendado por um youtuber, muitas vezes evolui para o uso indevido de cartões dos pais, mentiras sobre boletos escolares e até a venda de objetos pessoais para continuar apostando.

"Esses jogos atingem quem mais precisa de apoio. Pessoas que não tiveram o à educação financeira, que vivem em famílias endividadas ou que já sentem na pele o peso da falta de oportunidade", explica Malu.

Jovem frustrada

Jovens acabam gastando a mesada, o dinheiro do lanche, a agem de ônibus em um ciclo de perda, frustração e, muitas vezes, vício

Reprodução/Pixabay

O cenário se agita com o comportamento negligente de muitos criadores de conteúdo. "Eles dizem que não têm responsabilidade, mas sabem que influenciam. Quando alguém perde tudo, culpam a vítima. Chamam de burro, dizem que mereceu. Isso não é certo", reforça.

Segundo a estudante, o problema não está apenas nas apostas em si, mas na falta de uma narrativa alternativa. "Qual é a história que os adolescentes estão ouvindo? Que dá para ficar rico do dia para a noite, que apostar é uma forma legítima de mudar de vida. Isso é perigoso", alerta.

Para ela, a educação financeira é uma ferramenta de transformação social. "Mostra que o dinheiro não é vilão nem herói. É um ajudante. E que não existe atalho que valha mais do que o caminho do conhecimento e do planejamento".

O projeto "Malu Finanças na Escola" surgiu dessa visão. Cada livro do projeto é acompanhado de mais de 40 planos de aula, integrando temas como empreendedorismo, poupança, ética, renda extra e até investimentos básicos, como CDBs e Tesouro Direto. A iniciativa já alcança mais de 100 escolas no Brasil, promovendo uma cultura de autonomia e responsabilidade financeira.

Malu Lira: a resposta educacional à cultura da aposta

Malu Lira descobriu cedo que o dinheiro, mais do que um fim, é um meio. Ainda criança, montava cofrinhos com latas de leite e vendia pulseiras e bolos de pote para comprar brinquedos. Seu interesse pelo tema surgiu do cotidiano, da necessidade de lidar com recursos escassos e da observação dos pais. Apesar de não terem formação em finanças, seus pais sempre ensinaram o básico: "Não se gasta mais do que se ganha".

Seu primeiro contato mais preciso com o assunto veio ao assistir vídeos da plataforma Me Poupe!, quando decidiu transformar o aprendizado em missão. "Comecei a ler livros e percebi que queria ajudar outras pessoas a entenderem também, porque ninguém nasce sabendo, mas todo mundo pode aprender", lembra.

Aos 11 anos, escreveu seu primeiro livro. Hoje, com 15, é autora de mais de 15 títulos voltados à educação financeira infanto-juvenil, com linguagem ível e conteúdo adaptado para diferentes faixas etárias.

Além disso, acredita que a escola tem um papel crucial na formação financeira das crianças. "A escola é nossa segunda casa. Se dizemos que ela prepara para o futuro, então precisa ensinar sobre dinheiro - algo que todos vamos lidar, seja qual for a profissão".

Ela também ressalta que muitos professores estão endividados e precisam ser incluídos nesse processo. "Não adianta só ensinar para os alunos. Precisamos cuidar de quem ensina também".

Conceitos que todo jovem deveria aprender

Dentro de seu projeto, Malu destaca três pilares fundamentais:

  • Valor do dinheiro: entender sua função e como istrá-lo;
  • Valor de si mesmo: o valor de uma pessoa não depende da sua condição financeira;
  • Valores para a vida: ética, responsabilidade e planejamento.

Ela também ensina que ter metas claras é essencial. "Sem um sonho, é fácil gastar por impulso. Com um objetivo, cada real economizado tem um propósito".

Dicas da Malu para jovens que querem multiplicar dinheiro

1. Guarde uma parte do que ganha, mesmo que seja pouco;

2. Evite promessas de lucro rápido e métodos que você não entende;

3. Estude antes de investir. Informação é o melhor investimento;

4. Use o dinheiro para desenvolver algo real, como um pequeno negócio;

5. Desconfie de quem diz que o dinheiro se multiplica sem esforço;

6. Tenha metas claras e seja constante. O sucesso financeiro é uma construção.

O impacto de uma adolescente que ensina finanças

Com um discurso coerente e uma trajetória inspiradora, Malu se destaca não apenas pelo conhecimento técnico, mas pela empatia e responsabilidade com que trata a temática. Diagnosticada com altas habilidades, encontrou na produção de conteúdo uma forma de expressar seu talento e ajudar os outros. "A doutora disse que era importante extravasar o que eu sabia. E foi isso que fiz", conta.

Seu canal no YouTube, que começou com vídeos gravados às escondidas no quarto, hoje é um espaço de conhecimento. Apesar de enfrentar resistência de colegas no início, com direito até a um "grupo anti-finanças" criado por pura implicância da turma, não desistiu. "Eu sabia que aquilo era importante e que poderia ajudar outras pessoas. Hoje, muitos daqueles colegas me pedem dicas".

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Enquanto o mercado de apostas se aproveita do despreparo financeiro dos mais novos, a amazonense oferece uma proposta fundamentada em ética, informação e perseverança. Sua trajetória mostra que, mesmo na juventude, é possível fazer diferença, não apenas evitando armadilhas, mas construindo algo concreto para o futuro.

"A gente precisa parar de achar que é normal culpar as pessoas pelos seus erros. Em vez de julgar, temos que ensinar. E ensinar com respeito, com exemplos práticos, porque o caminho da liberdade começa pela educação, inclusive a financeira", conclui.

*Estagiária sob supervisão do subeditor Humberto Santos

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