ECONOMIA

'Impacto da bandeira amarela é pequeno, mas é alerta', diz especialista

Anúncio da bandeira amarela na conta de luz em maio já era esperado, mas ainda está longe do impacto da bandeira vermelha

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A bandeira amarela na tarifa da conta de luz em maio, anunciada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na sexta-feira (25/4), deve ter um impacto pequeno para o consumidor, mas é um alerta sobre as condições de geração de energia no país. O consultor de mercado de energia da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Sérgio Pataca, explica que a mudança na cor da bandeira já era esperada e representa um aumento de 2% na conta média.

A bandeira é a primeira faixa de acréscimo das tarifas, acionadas quando há condições menos favoráveis. A modalidade adiciona um valor de R$ 1,885 na conta de luz a cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumido no final do mês. Segundo a Aneel, a mudança é necessária devido à redução das chuvas na transição do período chuvoso para o período seco do ano.

“Como é a primeira faixa, ela não é tão elevada, mas é claro que depende de cada um. Uma conta familiar média é de 200 kWh, então a pessoa que paga mais ou menos R$ 200 aqui em Minas Gerais, ela vai pagar R$ 204. Então não é um valor muito expressivo por enquanto, mas lembrando que as próximas bandeiras quase quadruplicam o valor”, disse.

A próxima faixa é a bandeira vermelha patamar 1, acionada pela Aneel e pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) quando as condições de geração de energia são desfavoráveis e mais custosas - a taxa representa um acréscimo de R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos. Em sequência, a bandeira vermelha patamar 2 representa condições muito desfavoráveis para a geração de energia, adicionando R$ 7,87 por 100 kWh na conta de luz.

“A bandeira amarela dá mais ou menos 2% de aumento. É relativamente pouco para a conta, mas o próximo fica 5% e depois quase 8%. É mais um alerta inicial para a gente tentar economizar energia e evitar desperdícios”, ressalta Sérgio Pataca.

Essa é a primeira vez em cinco meses que a bandeira sai do patamar verde, quando não há problemas na geração de energia e, por tanto, as usinas termelétricas são desnecessárias para a sustentabilidade do sistema. Segundo nota da Aneel, com o fim do período chuvoso, a previsão de geração de energia nas hidrelétricas para os próximos meses piorou.

“Com o acionamento da bandeira amarela, a Aneel reforça que é crucial manter bons hábitos de consumo para evitar desperdícios e contribuir para a sustentabilidade do setor elétrico”, disse à agência reguladora.

Pataca ressalta que a situação dos reservatórios hidrelétricos já era esperado pela ONS, que neste domingo (27/4) atualizou o nível do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o principal sistema de abastecimento do país, para 69,97%. O Subsistema Sul está em 41%, Nordeste em 76,7%, e o Norte em 97,30%.

“O sistema do Sudeste está com uma capacidade elevada, mas como a gente está no fim do período chuvoso, é um pouco abaixo do esperado. Olhando as previsões meteorológicas do futuro, a gente não vai ter uma estiagem elevada. Então, olhando o ado e olhando o futuro, a Aneel colocou uma bandeira amarela como um primeiro alerta. Nos próximos meses a gente vai ter que acompanhar se vai chover, e se vai chover no lugar certo, porque tem que chover no Sudeste”, disse o especialista.

Investimento em termelétricas

O Brasil é dono de uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, em especial pela dependência das usinas hidrelétricas. Contudo, nos últimos anos o país tem investido na expansão das termoelétricas.

Segundo dados da organização Global Energy Monitor, entre 2020 a 2024, o país gastou em média R$ 1,07 bilhão por ano em subsídios para a geração de energia elétrica a carvão mineral, um dos combustíveis fósseis mais caros do setor. Para a Fiemg e outras entidades, é um erro do Brasil parar de investir em novas hidrelétricas.

“A gente depende das hidrelétricas e isso causa as bandeiras, mas o problema é que a gente parou de investir em nossos reservatórios e escolhemos investir em termelétrica. A gente ‘demonificou’ os reservatórios porque realmente tem o um impacto ambiental com o alagamento das áreas, mas se vocês comparar uma hidrelétrica que joga 100% de energia renovável com uma termoelétrica, que consome combustível fóssil e joga poluentes na atmosfera, o impacto é muito maior”, afirma Sérgio Pacata.

O especialista ainda explica que as energias eólicas e solares ajudam a completar o sistema, mas, por serem intermitentes, não podem ser a base de abastecimento do país. Para ele, o problema reside no fato de que a capacidade das usinas hidrelétricas é a mesma de 20 anos atrás, mas o consumo é muito maior.

“A gente não faz hidrelétricas novas, a gente tem o mesmo armazenamento de 20 anos atrás, e em períodos de estiagem a gente continua armazenando a mesma coisa. Só que nossa demanda é muito maior. Quando o sol se põe e para de ventar, só existem duas opções de base, a hidrelétrica e a termelétrica, uma renovável e outra poluente”, completou.

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