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Série 'Muito esforçado' é besteirol, mas fala de coisa séria

Comédia aborda o desafio da descoberta da sexualidade, enquanto brinca com o drama de um jovem gay para 'sair do armário'

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À primeira vista, misturar “American pie” (1999) com a cantora Charli XCX não parece uma receita muito eficiente, mas o combo mostrou o seu valor neste mês com o lançamento de “Muito esforçado” no Prime Video. Produzida pela A24, a série de oito episódios acompanha Benny (Benito Skinner) como calouro na universidade fictícia Yates.

Benny é perfeitinho e popular. Durante o ensino médio, foi jogador de futebol, rei do baile de formatura e orador da turma. Todo esse esforço é uma forma de o rapaz esconder que é gay e tem medo de se assumir.

O que parecia natural na infância, como as cenas de Brendan Fraser de tanga em “George, o rei da floresta” (1997) ou o videoclipe de “Lucky”, de Britney Spears, é sufocado no início da vida adulta para que Benny possa performar o ideal de masculinidade que beira o ridículo. Fingir ser homem hétero não basta e ele insiste em ingressar na fraternidade universitária Carne e Ouro.

O roteiro é inspirado na vida do próprio Skinner, que protagonizou, idealizou e escreveu a série. Por isso, acumulam-se referências aos anos 2010 e a elementos compartilhados majoritariamente pelo público LGBTQIAPN+.

Na trilha sonora, repetem-se as cantoras Lorde, Lady Gaga e, principalmente, Charli XCX, que faz participação especial no quarto episódio.

Fenômeno do TikTok

Durante a pandemia, Benito Skinner ficou famoso com vídeos no Instagram e TikTok imitando celebridades e interpretando personagens criados por ele. O humor besteirol, similar ao dos filmes “American pie” de Adam Herz, transforma o drama da inadequação do jovem na faculdade em alívio cômico certeiro.

Quando o protagonista se muda para Yates, deveria cursar istração e entrar para a equipe de futebol. Longe dos pais e dos amigos do colégio, ele conhece Carmen (Wally Baram) e George (Owen Thiele), que desde o início percebe seu segredo. E fica interessado por Miles (Rish Shah).

Esse aparente novo início e a possibilidade de se assumir são perturbados pelo cunhado Peter (Adam DiMarco), líder da fraternidade. Benny volta a ser quem era antes, frustrado ao fingir nas situações mais simples. Numa delas, o “toca aqui” na festa é tão tenso quanto um filme de terror.

Para piorar, Peter não imagina que Benny possa ser gay. A expectativa de se comportar como os rapazes da irmandade o faz performar cada vez mais. Porém, fingir não é fácil, muito menos quando se deve ser rude, mulherengo e fã de “O poderoso chefão 2”.

Além de grotescos, os costumes dos caras da fraternidade e de Miles são ambíguos. Benny, então, precisa compreender como ser hétero, mesmo ao imitar orgasmos com garrafas de bebida ao redor de vários homens. Ou bater na bunda uns dos outros como brincadeira, o que ganha “legitimidade” ao se dizer a gíria “no homo” (ou seja, “sem intenções homossexuais”).

A masculinidade é claramente estereotipada na série, mas a caricatura não se limita a esse grupo. Quando tenta agir como homem gay, ainda que em segredo, o protagonista se encontra com o absurdo, que chega ao ápice na participação de Bowen Yang e Matt Rogers. Benny fica cada vez mais confuso ao decidir ser ele mesmo.

A série “Muito esforçado” sabe dosar comédia com o importante debate sobre a descoberta da sexualidade, o processo de se assumir e o quanto a confusão de uma pessoa “no armário” pode machucar não apenas a ela, mas também aos mais próximos. É o que ocorre na amizade de Benny com Carmen.

Atores Benito Skinner) e Wally Baram estão na cama, olhando computador, em cena da série Muito esforçado
Benny (Benito Skinner) e Carmen (Wally Baram): amor amigo para enfrentar o rito de agem para a vida adulta Prime Video/reprodução

História de amor

Em entrevista ao programa americano “The Drew Barrymore show”, Benito Skinner explicou que a personagem representa pessoas que o ajudaram em sua vida. Para ele, a beleza da série está nessa relação.

“O centro disso é a história de amor entre mim e esta mulher que conheci na faculdade. É sobre encontrar alguém que faça você querer se esforçar menos, não querer performar para ela. Pessoas assim sempre foram mulheres”, afirmou Skinner.

Na ficção, a dupla se conhece na iniciação de calouros e se torna amiga após fingir ser “ficante”. Carmen está de luto pelo irmão mais velho, cuja morte deixou uma lacuna na vida dela e dos pais.

Enquanto se conhecem, Benny e Carmen tentam equilibrar segredos, desejos sexuais e vidas duplas, para conseguir cultivar uma relação que pode livrá-los das angústias da juventude.

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“MUITO ESFORÇADO”

A série, em oito episódios, está disponível no Prime Video.


* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

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