Ubuntu Ensemble se apresenta pela primeira vez em BH nesta terça (6/5)
Concerto do coletivo de artistas pretos é a segunda atração do Festival de Maio 2025, cuja programação segue até 17 de junho
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Siga noO Festival de Maio 2025 traz entre as atrações o Ubuntu Ensemble, coletivo de artistas pretos. Ubuntu é uma filosofia sul-africana que prega a união, a solidariedade e a cooperação. A palavra pode ser traduzida como “eu só sou porque nós somos”. Nesta terça-feira (6/5), às 20h30, a formação atual do coletivo se apresenta pela primeira vez em Belo Horizonte, no Teatro do Centro Cultural Unimed BH-Minas.
Seguindo essa filosofia, o grupo de cordas, canto e piano reúne artistas de diversas regiões do Brasil. O paraibano Iberê Carvalho, de 34 anos, é o criador e líder do coletivo. Iberê foi estudante na Escola de Música da UFMG e um dos bolsistas do Festival de Maio. Para ele, o retorno à capital mineira é “uma sensação de volta para casa”.
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No palco, ao lado do violista Iberê, estarão as belo-horizontinas Edna D’Oliveira (soprano) e Edinéia de Oliveira (contralto); os pianistas Marcos Aragoni e Raquel Paixão; e, completando o quarteto de cordas, os violinistas Taís Soares e Matheus Fernandes, além do violoncelista belo-horizontino Jayaram Custódio.
O programa do concerto enfatiza a diversidade. Embora todas as obras sejam músicas de câmara e incluam canto, piano e quarteto de cordas, haverá rodízio de formações menores como trios, duetos, quintetos e piano a quatro mãos. As peças transitam entre o repertório europeu e brasileiro, com canções clássicas, populares e de compositores negros.
“O mote do concerto, na verdade, segue a máxima de todas as apresentações do Ubuntu, que é reunir músicos pretos da música de concerto, juntar gerações e repertórios. Com isso, a gente entende que as obras coexistem de uma forma orgânica e natural, sejam elas brasileiras, canônicas, dos ditos grandes gênios ou dos gênios não ditos”, comenta Iberê Carvalho.
Repertório
Nos pouco mais de 60 minutos de concerto, estão incluídas as peças “Calma saudade”, “Os mares” e “As irmãs” do alemão Johannes Brahms (1833-1897) e “Canção de amor”, da Suíte Floresta do Amazonas, do brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959).
Florence Price (1887-1953), primeira compositora sinfônica negra reconhecida, ganha destaque com “Three negro spirituals”. Além disso, a cantora Edna D’Oliveira declamará o poema “Essa nega fulô”, do poeta brasileiro Jorge de Lima (1893-1953).
“Queremos trazer uma reflexão sobre o apagamento das pessoas pretas no cenário da música de concerto. Ter um grupo formado exclusivamente por artistas negros no palco é emblemático e faz pensar: Onde estão essas pessoas? Por que eu não as vejo? Esse é um dos assuntos que, para além do deleite musical, queremos provocar”, afirma Iberê Carvalho.
O Festival de Maio, realizado há 12 anos consecutivos em Belo Horizonte, tem o objetivo de democratizar a música clássica. Nesta edição, o pianista russo Dmitry Shishkin fez o concerto de abertura em 22 de abril.
Ainda neste mês, no dia 27, se apresentam três pianistas adolescentes vencedores da 3ª faixa do 1º Concurso Nacional de Piano Luiz Henrique Senise. No dia 17 de junho, a dupla de violonistas Duo Assad encerra a programação.
“UBUNTU ENSEMBLE NO FESTIVAL DE MAIO 2025”
Concerto do coletivo nesta terça-feira (6/5), às 20h30, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), à venda na plataforma Sympla e na bilheteria do teatro.
* Estagiária sob supervisão do editor Enio Greco