
Quem contratou o Comando C4 pra espionar e matar autoridades?
Teatro de horrores vai se naturalizando no Brasil de tentativas de golpes, bombas, atentados, o que se agrava com o comportamento de parlamentares
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É a demanda efetiva que determina a oferta, constatou o economista britânico John Keynes, revolucionando o seu tempo ao contestar Jean-Baptiste Say, que sustentava o oposto. A máxima segue em evidência para explicar as relações de mercado.
É assim que se há oferta de serviços de espionagem e de homicídio sob encomenda, é porque existe quem contrate. E eis aí o fato. A Polícia Federal registra a organização criminosa empresarial, formada por civis, militares ativos e da reserva que executava uma ampla variedade de serviços, com uso de armamento pesado, como fuzis e minas, emprego de hackers, equipes de inteligência, reconhecimento e operações.
O nome do bando é sugestivo de velhas ideologias revisitadas, que ascenderam na primeira metade do século 20 com amplo emprego da violência e de assassinatos: Comando C4, refere-se ao “Comando de Caça aos Comunistas, Corruptos e Criminosos”.
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Por um lado, “Comando de Caça aos Comunistas” foi uma das mais conhecidas agremiações anticomunistas brasileiras, que emerge à cena pouco antes do golpe de 1964, no contexto em que a guerra híbrida que justificava o golpe em curso disseminava no país o pânico do “risco” vermelho. Por outro lado, C4 é nome de um dos mais disseminados explosivos de uso militar do mundo. É assim que a organização Comando C4 cobra de mandantes que os procuram para “limpar” o país de “criminosos” e “corruptos”. Criminosos são sempre os outros.
Enquanto monitorar uma pessoa comum, sem cargo de representação, custaria R$ 50 mil; deputados, R$ 100 mil; um senador valeria R$ 150 mil; e ministros das cortes superiores, R$ 250 mil. Essa era a tabela para a espionagem. Ainda não se sabe o valor para aplicar a pena de morte.
O teatro de horrores vai se naturalizando no Brasil de tentativas de golpes, bombas, atentados, o que se agrava com o comportamento de parlamentares que carregam uma bandeira da anistia que, sob o pretexto de salvar figurantes, preocupam-se em livrar uma única cabeça. Propor anistia é como se tudo aquilo não tivesse sido “tão sério”.
Além da tabela de valores dos serviços, entre documentos apreendidos pela Polícia Federal foram encontrados menção a parlamentares possíveis alvos do bando – entre eles o senador Rodrigo Pacheco (PSD) – e a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Há hipóteses que justificam as referências. O primeiro, na presidência do Senado Federal, trabalhou para barrar os arroubos autoritários e gestos antidemocráticos de um presidente que, hoje, foi feito réu.
O STF, assim como se vê em outros países que assistem à ascensão da extrema direita, atuou na contenção. É verdade que muitos movimentos sociais e civis na sociedade civil resistiram. O Senado e o STF foram a face institucional dessa resistência. O país esteve a um triz de uma nova ditadura. E segue encarando os inúmeros ovos da serpente. Nesse contexto, nada a estranhar que os nomes de representantes desses poderes estivessem marcados nos manuscritos da organização criminosa. É papel da Polícia Federal responder à pergunta que não se cala e que Keynes explica por que a faria.
Não, agradeço
Técnicos do Tesouro Nacional confidenciaram a parlamentares em Brasília, nesta terça-feira durante a audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, que é baixa a probabilidade de a União receber a Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), a Empresa Mineira de Comunicação (EMC) e os imóveis do estado entre ativos entregues para amortização da dívida de Minas. A leitura é que o governo de Minas aproveita a negociação do processo de adesão ao Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados com a União (Propag) para se desfazer dos bens.
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Sem vetar a proposição autorizativa, mas tampouco sem sancioná-la no prazo legal, o prefeito Álvaro Damião deixou a Juliano Lopes a tarefa institucional de promulgar o texto, segundo o qual a Bíblia poderá ser usada como material paradidático nas escolas públicas e particulares da capital mineira. De autoria da vereadora Flávia Borja (DC), a matéria não tem efeito prático – é autorizativa. Mas atiça a guerra cultural e causa polêmica, dando a entender a adeptos de outras religiões que também precisarão de uma lei autorizativa para que os seus livros sagrados sejam empregados como material paradidático nas escolas.
Interinidade
Durante a viagem do prefeito Álvaro Damião (União) à Alemanha e, na sequência, a Israel, o presidente da Câmara Municipal, Juliano Lopes (Podemos), vai assumir a Prefeitura de Belo Horizonte por 10 dias, entre 7 e 17 de junho. A interinidade acontecerá pela segunda vez desde que Damião tomou posse, em 3 de abril.
Constrangimento
Parte significativa da comunidade árabe de Belo Horizonte, que apoiou Fuad Noman e Álvaro Damião na disputa à PBH, considerou inoportuna a viagem do prefeito a Israel, em meio ao massacre contra crianças, mulheres e civis palestinos na Faixa de Gaza, e que vem sendo considerado “crime de guerra” e “crime contra a humanidade” por organismos internacionais, entre eles, o Human Rights Watch.
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Reação
Movimentos e militantes pacifistas também criticam a decisão do prefeito de aceitar neste momento o convite do governo israelense para conhecer naquele país modelos de segurança pública e outras tecnologias. O médico, sanitarista, ambientalista, professor universitário e autor do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer, deixou no Facebook a mensagem pública ao prefeito: “Prefeito Álvaro Damião, viaje agora não! Não viaje de carona a Israel; não há viagem de graça. BH não pode apoiar o massacre dos palestinos. É isso que eles querem usando seu cargo público. Isso nos envolve, você é nosso prefeito”, destacou.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.